Chegou mais um comentário com impressões sobre a cidade. Amós Heber, ator e cantor soteropolitano, meu parceiro no Coletivo Cruéis Tentadores, esteve aqui me visitando e ainda por cima participou da ação "Calçada do leitor". Que venham mais visitas!
"Passar por Itambé foi uma maravilhosa experiência de redescoberta do meu país. Aquilo que imagino como Brasil cada dia mais se reorganiza nas minhas idéias e forja-se como uma nova pedra preciosa a ser mantida em sua brutalidade ou burilada na sua essência. Uma cidade calma, organizada, de movimentações quase que combinadas, poucas pessoas pelas ruas, poucas badalações. Cidade onde a fé rege importantes passos dos seus poucos habitantes. Um ar agraciado de um passado que se remete a uma riqueza anexa e perdida nos seus antigos casarões. Gente boa, hospitaleira, cuidadosa, sempre atenta às novidades. Uma cidade que em seu tamanho pungente diz ao que veio e para que funciona, bem como o que em si, ela se basta. Mas algo que pede para ser rompido e/ou inaugurado: um sistema de fluxo de informações via produções artísticas locais e a necessidade de distribuição e crescimento econômico que tangencia o nosso país. Vêem-se pessoas inteligentes, intelectuais dedicados, artistas promissores, religiosos, profissionais de diversos ramos que necessitam de apoio, força e reconhecimento pelo que desenvolvem. Sem mais contarmos com aquelas histórias que nos empurram a mente, de fantasmas que nunca fizeram nada, mas acabaram por merecer bustos. Cidade que pede uma renovação de ousadia do que é seu. E esse patrimônio está pungente nos seus rostos avermelhados que esperam estampar não somente livros, mas basear o inconsciente coletivo da pequena e respeitosa cidade. As curvas do “Maçal” esperam forças motrizes que as completem como ventos e gritem aos cantos do mundo: “Itambé”. Pedra afiada, ela que fere e rompe, inaugura e festeja a diversidade. E assim vejo esse pequeno pedaço do meu país que tanto se repete em outros pequenos e valorosos pedaços de outros estados e regiões: um paralelepípedo gritando por ser afiado. Sim, vamos romper, a revolução agrada aos viciados em estruturas viciadas. Digno ver um filho da cidade, Marcelo Sousa Brito, revê-la após tantos anos e oferecê-la uma nova visão, nem inferior, nem superior, mas sistêmica. Ao passar do tempo, em que vejo fatos como este, de um filho poder dispor idéias a sua terra, é que retraduzo para mim a confusa frase “não, ninguém segura esse país” para “não, ninguém segura os ilustres filhos desse país”. Quem nasceu a pisar em terras sabe da (dês)importância dos chãos cobertos por granito."
Amós Heber
Amós Heber
Muito, muito bom !!!
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