Diário de bordo

Meus queridos e queridas, este blog foi criado para ser o diário de bordo da pesquisa de campo para meu Mestrado, junto ao Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia, com o apoio do CNPq. O trabalho intitulado "Pedra Afiada - Um convite para o teatro invadir a cidade" foi orientado pela Prof. Dra. Angela Reis. A pesquisa de campo foi realizada em Itambé, no sudoeste da Bahia, de março a agosto de 2010, onde alimentei este blog com informações e reflexões sobre a pesquisa e a escritura da dissertação. Depois de concluido o Mestrado (março/2011) o blog será utilizado como forma de divulgar e refletir os andamentos da cultura na cidade de Itambé. Esta é uma forma também de discutir a cultura em cidades de pequeno porte do interior da Bahia e do Brasil. Conto com a visita de todos. Ah, uma dica, como este blog funciona como um diário, para os marinheiros de primeira viagem é melhor acompanhá-lo de baixo para cima. Então busquem o primeiro post e boa viagem!!!





quarta-feira, 5 de maio de 2010

Itambé: Impressões fenomenológicas

Caros seguidores e afins, a partir de hoje estarei publicando aqui, as impressões deixadas pelos amigos e colaboradores sobre a cidade de Itambé e sobre o trabalho que estou desenvolvendo. Angelo Serpa estréia esta sessão. Boa reflexão para todos!


"Itambé está imersa em uma paisagem-cenário. Descer o planalto de Conquista em direção aos vales pedregosos dos rios Pardo e Verruga é submergir numa paisagem de névoas e sonhos, ônibus deslizando sonolento por curvas de estrada sinuosa revelando o tempo todo quadros e mais quadros em perspectiva. Sempre deslizando por entre curvas em perspectiva.
A paisagem humana que se revela após a descida é uma mistura de rural e urbano, de feiras animadas, procissões e missas. O que aparece de perto é uma paisagem de comunidades eclesiais espalhadas por todos os bairros da cidade. Comunidades ativas e participantes do cotidiano da cidade. Pequena cidade de praças de todo o tamanho, ligadas por ruas calçadas de pedras. Praças algumas vezes abandonadas, outras vezes apropriadas, usadas como extensão da casa, a rua virando casa, uma extensão da casa.
Itambé acolhedora, de cadeiras na porta, debruçadas sobre a calçada, churrasco e ensopado de peixe no quintal, carne de sol e aipim divinos, ouvindo os causos de Lô, tarde em ilhas fluvias, iluminadas pelo sol serrano e implacável.
Itambé amedrontada e recolhida nas casas, a renúncia ao espaço público pelo conforto e segurança da esfera privada da família.
Itambé de escolas, mas sem universidade presencial, cidade pequena a inspirar grandes sonhos.
Itambé-cenário, a inspirar invasões teatrais e ações cênicas. Pedra afiada à espera da invasão, da subversão iminente."


(Angelo Serpa, 3 de maio de 2010, na metrópole soteropolitana, à beira-mar e distante das montanhas.)

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