"A distância entre Salvador e Itambé, quase tanta entre a casa de Marcelo e o Cristo situado lá no alto da colina ao redor da cidade. Ou entre o Cristo Jesus e os habitantes dessa cidade cheia de fé, onde a maioria deles é cristã. Depois da folia da festa de São João, no centro da cidade, celebrada numa praça repleta de bandeiras coloridas e ornamentos, com banda de forró e quentão típico dessa época. Alguns dias depois acordo às 4 da manhã, com barulhos de fogos de artifício anunciando a "alvorada" na manhã do dia de São Pedro. A noite uma procissão percorreu a cidade até a comunidade de São Pedro, finalizando com missa em sua homenagem, em meio a fiéis, em sua maioria senhores e senhoras idosos que acompanhavam atentos e devotos o discurso do padre. A distância entre a sede de informação de adultos, velhos amigos conhecidos, e o desejo de realizar sonhos de jovens cheios de tímida curiosidade. Da luta pelo direito à moradia, discutida numa reunião de sindicato, e a oportunidade de ver a arte se locomovendo na cidade de forma nunca antes vista nem feita por seus moradores. Distância do cidadão urbano, dos povos de várias outras cidades do interior nesse nosso Estado. Onde o tempo parece pedir calma para acontecer, dando-nos oportunidade de sentir o seu sabor pouco a pouco. Muito há de se provar nesse lugar, da cachaça ao caldo de pinto, da canjica ao odor da fumaça de fogueira e o calor generoso da gente de Itambé. Muito obrigado pelos dias passados no sudoeste da Bahia".
(Dejalmir Melo, bailarino-coreógrafo, Ômega Cia de Dança)
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