




"Para mim foi uma novidade. Quando você propõe essa visão diferenciada trazendo uma nova forma de teatro, saindo do palco, ou indo para rua não daquela forma mambembe de se ver, mas algo que inquieta as pessoas. Para mim, que tenho uma preocupação com o visual ela se torna ao mesmo tempo fácil e difícil. Fácil porque eu não preciso me preocupar com o cenário, ter que montar, ter que fazer. O espaço é o cenário. A questão visual é o que vai inquietar as pessoas, o que as pessoas vão ver e o que vai fazer as estas pessoas indagarem: o que é isso que está acontecendo? qual a mensagem? porquê? que situação é essa?
A primeira vez que eu li um texto eu fui problematizando e solucionando de acordo o pensamento de cada um deles. Como eu conheço muita gente aqui, a cada texto lido eu ia identificando a pessoa entrevistada, que deu origem àquele texto. Por entender as pessoas, por ouvir as pessoas, por saber a visão que elas têm a respeito de cultura, de educação, de política, me facilitava o entendimento. Saber o que as pessoas pensam, o que elas querem, que mudança elas querem provocar na sociedade é muito importante. O que me intrigou em todos os textos é que muitas pessoas apontavam problemas mas não apontavam soluções para resolver esses problemas. Foram poucos os textos que apontavam soluções para os problemas culturais, sociais, políticos e até religiosos, que a gente sabe que tem, como o preconceito, por exemplo. As religiões às vezes proíbem o desenvolvimento cultural como se fosse algo maléfico para seus fiéis. Um adolescente evangélico, por exemplo, não pode cantar, ou dançar, ou fazer teatro na escola. Isso dificulta este desenvolvimento. Falar de cultura é falar do seu povo e isto independe de religiões ou posicionamento político.
Essa casa faz parte de minha infância. Mesmo com textos dizendo coisas diferenciadas, a cada momento que eu olhava para algum canto da casa era uma parte de minha infância que vinha comigo, e eu enxergava a visão que as pessoas têm da cidade e ao mesmo tempo preso a um lugar que me trazia essas coisas boas da minha infância, da minha adolescência. A casa é um marco na cidade, faz parte da história e da cultura. Este casarão foi construído a mando de Rogério Gusmão, um dos prefeitos da cidade O nome Villa Diolinda, foi dado em homenagem a sua mulher. Segundo meu pai, que viveu nessa casa, originalmente o casarão era bem diferente, a estrutura continua a mesma, mas as pinturas eram diferentes com arabescos e pinturas, desenhos de vasos com flores no interior da casa. As tonalidades iam do amarelo ouro aos tons de azul turquesa e branco. Depois o casarão foi passado para outros donos que fizeram modificações. Quando eu comecei a participar da vida social dessa casa os proprietários eram Francisco Xavier (conhecido por Chico do ovo) e Lourdes Xavier, sua esposa. A propriedade ainda pertence à família e está sob os cuidados de Zoraide filha do casal". (Cristiano Melo Gusmão - Artista de multiplas funções).